sexta-feira, 26 de junho de 2009

TÉCNICAS DE TCC EM GRUPO

MÉTODOS DE TCC APLICADOS EM GRUPO
Maria Inês Oliveira Santos

1.Registro de Pensamentos Automáticos
O registro de Pensamentos Automáticos refere-se ao exercício escrito que orienta os pacientes no processo de identificação de pensamentos, sentimentos e comportamentos em um dado momento. Yalom (2006) define esse mecanismo da seguinte forma: explicitar o que está implícito; conectar os pensamentos ao humor e ao comportamento.

Ex: “ Nunca vou conhecer alguém que me ache atraente”.
O terapeuta de grupo normalmente ensina os pacientes a concluir o registro de pensamento automático durante o atendimento, pois este é um exercício de construção de habilidades e reflete a natureza psicoeducacional da TCC (WHITE e FREEMAN, 2003).

2.Contestação dos Pensamentos

A TCC orienta os pacientes em um processo de contestação dos pensamentos, especialmente daqueles associados aos sintomas clínicos e comportamentos mal-adaptativos.
Yalom (2006) descreve este método como uma ferramenta em que se desafia as crenças negativas; identifica distorções no pensamento e explora os mais profundos pressupostos pessoais por trás dos pensamentos automáticos.

EX: “Como posso conhecer pessoas se continuo recusando convites para sair para um drinque após o trabalho?”.

Este método de contestar remete ao questionamento socrático, que pode trazer à tona as premissas subjacentes do paciente (WHITE e FREEMAN, 2003). A intenção deste questionamento não é persuadir o paciente em relação à incorreção dos pensamentos e sim, guiá-lo à descoberta de evidências que comprovem se tal crença é verdadeira ou não (KNAPP, 2004).

Modelo de Questionário dos Pensamentos Automáticos em Grupo
(WHITE e FREEMAN, 2003)
1. Quais são as evidências contra e a favor?
2. Há outra maneira de olhar para esta situação?
3. Essa é a única conclusão a que podemos chegar?

Ao contrário de somente identificar pensamentos como bons ou ruins, a TCC convida os participantes do grupo a refletir sobre as vantagens e desvantagens de determinadas premissas em comparação com outras.

3. Monitoração do Humor

É um método comportamental simples, que consiste em pedir ao paciente que classifique seu estado de espírito antes de iniciar cada sessão (é aplicado em todas as sessões). Geralmente é utilizado em casos de transtorno depressivo ou casos de transtorno bipolar.
Tem o objetivo de explorar a relação entre o humor, os pensamentos e os comportamentos (YALOM, 2006).

Ex: “ Acho que comecei a me sentir uma má pessoa depois que ninguém me convidou para almoçar hoje”.

Após o término da terapia, a continuação da monitoração do humor proporciona sinais prévios de perigo potencial e reforça a prevenção de recaída (WHITE e FREEMAN, 2003).
O meio mais completo de monitoração de humor na TCC é o Inventário de Depressão de Beck (BDI), pois permite aos pacientes comparar suas notas com extensas amostragens normativas, além de proporcionar uma análise da depressão por meio de várias avaliações no decorrer da terapia.

4.Hierarquia Emergente

Os pacientes são orientados a identificar os vários estímulos que os fazem sentir-se ansiosos e classificá-los do menos ao mais ameaçador. Dessa forma, pode-se destacar que este método é central nos processos de transtorno de ansiedade.
Em grupo, os pacientes irão escrever suas descrições dos ativadores de ansiedade. Em seguida, eles lêem em voz alta. Dessa forma o indivíduo compartilhará seus medos com os outros membros do grupo e estará refinando e especificando exatamente a natureza de cada ativador (BARLOW, 1993; citado por, WHITE e FREEMAN, 2003).
O autor supracitado descreve as etapas de forma mais detalhada:
a) Pede aos pacientes para ficarem atentos às suas reações físicas durante este exercício, como um meio adicional de conferir sua ansiedade;
b) Ao concluir essa etapa de identificação das atividades e as classificações da ansiedade, é solicitado aos pacientes que escrevam uma lista decrescente dos itens, partindo do mais ameaçador ao menos ameaçador;
c) Em seguida, sugere aos pacientes que verifiquem: o que eles podem observar do processo de ordenação levantados por eles mesmos; o que foi surpreendente; o que eles preferiam mudar.
d) Finaliza, com uma exposição gradual. É nesta etapa de acordo com o autor que, os pacientes determinam quais os itens eles desejam confrontar nas áreas mais baixas da hierarquia, com a finalidade de suprimir suas reações caracteristicamente ansiosas.

Yalom (2006), traz o seguinte exemplo:
Ex: Uma paciente com agorafobia avaliaria os locais que geram ansiedade, para que sejam pouco a pouco confrontadas, da mais fácil a mais difícil.

Um aspecto importante deste método é, que as pessoas no grupo aprendem a colaborar como se fossem cientistas interessadas no estabelecimento de circunstâncias favoráveis para experimentar em seu próprio crescimento terapêutico (WHITE e FREEMAN, 2003).

5.Monitoração de Atividades

Os pacientes escrevem as atividades em um determinado período, geralmente as atividades executadas entre o intervalo de uma sessão e outra. Yalom (2006) descreve que este método tem a finalidade de verificar quanta energia e tempo foram gastos.

Ex: “Monitorar quanto tempo se perde ruminando sobre a competência no trabalho das tarefas exigidas”.

A monitoração das atividades leva naturalmente ao planejamento das atividades, no qual o paciente poderá traçar, para si mesmo, metas para utilizar seu tempo de forma mais benéfica. É importante que seja solicitado ao paciente que avalie a maestria e o prazer nas atividades, hora após hora, durante todo o dia. Além disso, o terapeuta antes de incentivar um paciente a tentar monitorar suas atividades, ele poderá considerar comprometer-se a fazer o mesmo em sua vida cotidiana (WHITE e FREEMAN, 2003).


6.Resolução de problemas

De acordo com Yalom (2006), este método é caracterizado a partir dos desafios das crenças feitas ao paciente pelo terapeuta em relação a sua incompetência, decompondo um problema em componentes instrumentais e solucionáveis, com o objetivo de encontrar soluções para os problemas cotidianos.
Essa crença, para WHITE e FREEMAN (2003), parece estar mais enraizada entre indivíduos com distúrbios ansiosos. De acordo com o autor, a TCC em grupo traz como uma das diversas propostas proporcionar ao paciente uma experiência construtiva ao abordar os problemas da vida cotidiana encontrando uma solução para elas.
Este método de acordo com o autor supracitado, tem como proposta facilitar um processo no grupo que irá gerar respostas adaptativas aos problemas imediatos, o facilitador será o terapeuta. Conseqüentemente irá procurar revisar os velhos comportamentos que não funcionam mais e determinarão quais respostas se encaixam melhor.
É importante ressaltar em relação aos estágios iniciais do grupo que este método, os participantes tendem a tomar seus problemas como diferentes, daqueles das outras pessoas do grupo. Com a consolidação do grupo, as pessoas passam a reconhecer que muitas questões são as mesmas para todos (WHITE e FREEMAN, 2003).

7.Relaxamento

O autor supracitado descreve que uma premissa básica da TCC é que a terapia só no âmbito da conversa fica bastante exaustiva. Então, como grande parte dos pacientes experimentam tensão física, os terapeutas da TCC utilizam um poderoso instrumento aos pacientes que é o relaxamento, que tem a finalidade de sobrepor o estresse físico que toma conta do corpo.
O objetivo desse método é reduzir a tensão emocional através do relaxamento muscular progressivo, imaginação conduzida e exercícios de respiração e meditação (Yalom, 2006).

8. Avaliação de Risco
O QUE PODE ACONTECER SE .......
De acordo com o mesmo autor, este método é utilizado na TCC com a finalidade de identificar a fonte do sentido de ameaça dos pacientes e dos recursos que eles têm para enfrentar essas ameaças.

Ex: Um paciente que sofre com ataques de pânico e que traz como crença que essas crises são ataques cardíacos. O terapeuta examina essa crença e lembra o paciente de que ele pode usar a respiração profunda para se acalmar.

O terapeuta pode tranqüilizar o paciente realizando essa avaliação de risco, com a certeza de que existe algum ativador possível de se definir. A avaliação do risco ajuda clientes e terapeuta a enxergarem quais são de fato as origens das ameaças, além de fornecer uma leitura dos recursos dos pacientes para lidar com os riscos, produzindo um coeficiente de capacidade de risco (WHITE e FREEMAN, 2003).
De acordo com autor, através deste método, durante todo o processo terapêutico, os pacientes examinam as evidências reais de suas vidas para obter uma sensação mais verdadeira de risco e recursos. Portanto, através deste método, a TCC no grupo irá apoiar a exploração, com responsabilidade, de diferentes perspectivas sobre o risco e os recursos, ficando a cargo de cada indivíduo o que fazer em relação a este processo.


9.Protocolo do tratamento

É uma abordagem terapêutica integrada, que inclui todos os elementos-chave (métodos descritos e outros) comprovadamente úteis. Dessa forma, de acordo com o autor, haverá uma construção das partes para o todo. Este método tem a finalidade de abordar um conjunto básico de habilidades clínicas que orientam terapeuta e pacientes em seu desenvolvimento, mas para que seja efetivo e útil é necessário que haja um bom relacionamento colaborativo entre paciente e terapeuta (WHITE e FREEMAN, 2003).

10. Prevenção de Recaída

Segundo White e Freeman (2003), este método é uma parte essencial do processo de finalização do grupo terapêutico, já que a própria TCC tende a reconhecer que muitos dos problemas tratados em terapia tendem a ocorrer novamente durante o decorrer da vida de uma pessoa devido a fatores biológicos e culturais. Portanto, a intenção desta linha teórica é abordar os problemas do paciente com a finalidade de oferecer a eles um conjunto sólido de habilidades para a vida, em vez de visar somente a cura.
As últimas sessões consolidam os ganhos e identificam situações futuras que poderiam desencadear uma recaída (YALOM, 2006), trabalhando a prevenção da recaída através da programação de sessões de reforço, realizadas eventualmente com o grupo no futuro (WHITE e FREEMAN, 2003).
11. Agenda diária
· Combinar com os participantes o que será realizado e discutido na sessão.
12. Estabelecimento e reavaliar metas
YALOM, I, D. Psicoterapia de Grupo teoria e prática. Porto Alegre,

Um comentário:

  1. muito legal e inteligente iniciativa do site!!!! estou pensando em fazer grupos no consultorio seguindo a linha...
    Parabéns pelo post

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